Estudos promissores com o açai mostram bons resultados nos testes com camundongos

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Sabe-se que o açaí tem propriedades anti-inflamatórias em sua composição natural. No entanto, os estudos feitos no ICB-USP verificaram que, em bebidas comerciais, com a adição de xarope de glicose, os ganhos metabólicos dos nutrientes são eliminados.

“Essa constatação foi feita na primeira fase do projeto, quando testamos bebidas de açaí encontradas em supermercados na suplementação de ratos sadios. Pudemos notar início de esteatose – ou fígado gorduroso –, redução de enzimas ligadas ao metabolismo da glicose e aumento de peso e adiposidade”, destacou Marília Seelaender, Pós-Doutora e Livre-Docente do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
Na segunda etapa da pesquisa, o xarope de glicose foi substituído por mel orgânico, que tem propriedades antiproliferativas. “Dessa vez, comprovamos que, tanto nos animais sadios como nos que portavam tumor, a ingestão desse suco finalmente fez com que a propriedade anti-inflamatória do açaí se manifestasse”, disse Seelaender. Para análise dos experimentos foi levada em conta a razão entre as citocinas pró e anti-inflamatórias – IL-6 e IL-10 (interleucinas), respectivamente – presentes no fígado, no músculo e nos tecidos adiposos epididimal e retoperitoneal dos ratos. Isso porque, em pacientes humanos caquéticos, a relação entre essas citocinas indica um perfil pró-inflamatório (ou seja, mais IL-6 do que IL-10), o que determina inflamação nos órgãos e, consequentemente, desnutrição nos pacientes com câncer.

“Então, nesse aspecto, a suplementação com açaí causou efeitos positivos, uma vez que reduziu a expressão da citocina pró-inflamatória no organismo”, disse Seelaender.

Aumento tumoral

Outra propriedade do açaí, ainda mais conhecida do que a anti-inflamatória, é a antioxidante. Seelaender e equipe procuraram verificar se a suplementação com suco de açaí e mel resultava na redução do estresse oxidativo relacionado à caquexia.

“A ingestão desse composto diminuiu a concentração de malondialdeído – que é um elemento pró-oxidante – apenas em ratos sadios. Além disso, em animais doentes, ela causou um aumento significativo da massa tumoral”, disse.
O resultado é que, embora os nutrientes do açaí tragam melhorias em relação ao perfil antiinflamatório do organismo, eles não são eficientes no combate ao estresse oxidativo e ainda podem resultar no crescimento do tumor.
“Por conta disso, não indicamos a suplementação com açaí para o tratamento da caquexia associada ao câncer”, advertiu Seelaender, que, atualmente, realiza testes em humanos, para analisar as consequências da prática de exercícios físicos no combate a esse sintoma.
Segundo a pesquisadora, essa relação já havia sido estudada em ratos com resultados surpreendentes. “Todos os sintomas da caquexia foram contrabalançados pela atividade física regular e, em humanos, já temos notado inclusive uma diminuição da massa tumoral”, disse.

Fonte:
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Celular e tecidual do instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.

Orientadora: Professora Dra. Maria Cerqueira Leite Seelaender