Alimentos Funcionais e seus poderes

Lucas Workout – CREF: 051944-G/SP

Health and Performance Coach

Segundo a Dra. Suzana Caetano da Siva Lannes, originária do Brasil a castanheira, uma árvore nativa da região Amazônica, foi descrita em 1808 pelos pesquisadores Humboldt, Bompland e kunth, recebendo a denominação botânica de árvore majestosa (Bertholletia excelsa H.B.K) em homenagem aos pesquisadores.
No Brasil e em alguns países pode receber as seguintes nomenclaturas: castanha-do-maranhão, castanha-do-pará, Iniá, Nía, Eray, Tocary, Tucá, Turury, Brazil nuts e etc. No entanto constata que na maioria das denominações é mantida sua origem primária de produção: do-brasil e do-pará (ENRÍQUEZ; SILVA; CABRAL,2003).
A pesar das chamadas nozes de árvores serem alimentos tipicamente ricos em gordura, essas têm sido recomendadas em manejos nutricionais com o objetivo de promoção da saúde, com efeitos cardio e imunoprotetores, visto a qualidade insaturada da gordura inserida. Além do elevado teor de lipídios (principalmente ácido linoleico).
O caráter nutricional da castanha-do-brasil inclui proteínas e antioxidantes, tais como os tocoferóis e selênio (FREITAS et al., 2008), os quais proporcionam efeitos benéficos do consumo regular das amêndoas, sugeridos por sua constituição em macro e micronutrientes, agregado ao alto nível de proteínas ricas, aminoácidos sulfurados, que tem grande afinidade com o selênio, formando um complexo de alta biodisponibilidade o que favorece sua ação funcional com ênfase ao ômega 3 e 9.
Os altos níveis de tocoferol, fitosterol, compostos fenólicos, dentre outros fatores reportados como potencialmente benéficos (FDA 2008, YANG, 2009), são os principal compostos da castanha-do-brasil.
O selênio constitui-se em um elemento apreciado pela ação antioxidante que pode ser esclarecido por este ser um elemento fundamental à constituição da enzima glutationa peroxidase (selênio dependente), responsável pela ação sequestrante dos radicais livres no organismo, e um dos mais importantes mecanismos de defesa antioxidante intrínseco (BERNO, 2010).
A ingestão dietética recomendada (Recommended Dietary Allowance/RDA) para o Se, de 55mcg/dia, para homens e mulheres adultos é baseada na quantidade necessária para maximizar a atividade da enzima glutationa peroxidase, enquanto que o valor do limite superior tolerável de ingestão (UL) de 400mcg/dia foi fixado devido ao risco de selenose (INSTITUTE OF MEDICINE, 2000).
Estudo recente tem mostrado que existe uma relação inversa entre o consumo de castanha-do-brasil e a redução do risco cardiovascular. Nessa investigação, trinta e sete mulheres obesas consumiram uma castanha brasileira durante oito semanas. Desta forma, concluiu-se que os indivíduos que implementaram o consumo diário de castanha-do-brasil melhoraram tanto o status de selênio quanto o perfil lipídico, especialmente reduzindo os tipos de alta densidade de lipoproteína colesterol, reduzindo, assim, problemas cardiovasculares (COMINETTI et al., 2012). Da mesma forma, um ensaio clínico randomizado observou o consumo de castanha-do-brasil em adolescentes obesos. Os investigadores relataram que a ingestão do alimento, por dezesseis semanas, melhorou o perfil lipídico, dosando LDL colesterol e triglicerídeos, além de função microvascular melhorada nestes adolescentes obesos, isso possivelmente devido ao seu alto nível de ácidos graxos insaturados e substâncias bioativas (MARANHÃO et al., 2011).
Um outro estudo teve por objetivo determinar os níveis de selênio no plasma de pacientes submetidos à hemodiálise, durante três meses, com o consumo de uma castanha-do-brasil por dia. Sabe-se que na hemodiálise são produzidas elevadas quantidades de espécias reativas de oxigênio, fato que justifica a intervenção. Dados concluíram que os pacientes eram selênio-deficientes e que o consumo de castanha-do-brasil foi eficaz para aumentar os parâmetros de Se do estado nutricional, logo, na garantia da defesa de antioxidantes intrínseca (STOCKLER PINTO, et al., 2012). Diante dos dados expostos, a qualidade nutricional e a presença de constituinte de capacidade funcional da castanha-so-brasil relatadas nas diversas pesquisas, confirmam a riqueza desta oleaginosa amazônica em prol e prevenção da saúde.

Referências:

1. FREITAS S. C. et al. Meta-análise do teor de selênio em castanha-do-brasil. Braz. J. Food Technol., v. 11, n. 1, p. 54-62, jan./mar. 2008.

2. BERNO, L. I.; POETA, P. T.; MARÓSTICA JÚNIOR, M. R. Efeitos do selênio oriundo da torta de castanha-do-Brasil sobre a concentração de glutationa reduzida (GSH) em ratos Wistar. Alim. Nutr., Araraquara, v. 21, n. 2, abr./jun. 2010.

3. DRI DIETARY REFERENCE INTAKES FOR Vitamin C, Vitamin E, Selenium, and carotenoids. INSTITUTE OF MEDICINE, 2000.

4. BEHR, C. S. Efeito de uma dieta enriquecida com castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa, L.) no estado nutricional relativo ao selênio de idosos não institucionalizados. Dissertação (Mestrado em Ciências dos Alimentos) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

5. Cominetti C, de Bortoli MC, Garrido AB Jr, Cozzolino SM, Brazilian nut consumption improves selenium status and glutathione peroxidase activity and reduces atherogenic risk in obese women. Nutr Res. 2012.

6. Maranhão et al. Brazil nuts intake improves lipid profile, oxidative stress and microvascular function in obese adolescents: a randomized controlled trial. Nutrition & Metabolism, 2011.

7. Stockler-Pinto MB, et al. Effect of Brazil nut supplementation on plasma levels of selenium in hemodialysis patients: 12 months of follow-up. J Ren Nutr. 2012.